O Brasil é marcado
pelo preconceito, tais como: preconceito contra mulheres (machismo, sexismo), preconceito
social (classismo), preconceito racial (racismo), preconceito contra pessoas
trans (transfobia), preconceito contra homossexuais (homofobia), preconceito
contra judeus (antissemitismo)... Contudo, um tipo de discriminação que ocorre
cotidianamente, de norte a sul do brasil, o preconceito linguístico não é muito
discutido... Afinal, o que é preconceito linguístico? Segundo o linguista e
filólogo Marcos Bagno, é uma forma de discriminação com graves implicações
sociais. Este preconceito nasce da ideia de que existe apenas uma língua
correta, que é aquela baseada na gramática. Ainda de acordo com Bagno, não
existem formas certas ou erradas de fazer uso do idioma. Muitos creem que o
português falado nas regiões Sudeste e Sul do Brasil é “superior” ou “mais bem
falado” que o português das regiões Nordeste, Norte, Centro-Oeste. Bem como,
acreditam que as pessoas de condições financeiras mais favoráveis possuem um
português mais brilhante e elaborado que pessoas das classes economicamente
desfavorecidas. No século passado, Oswald de Andrade, consagrado escritor e poeta
paulista da primeira fase do modernismo (1922 – 1930), relatou no poema “Vício na
Fala” a pronúncia incorreta de alguns vocábulos reduzidos pelos falantes da
língua portuguesa. De acordo com Oswald, “mio”, “mió”, “pió”, “teia”, “teiado”,
de certo modo criam um “telhado”. A
norma culta é deixada de lado e as novas palavras fazem parte da realidade dos
falantes. O poema de Oswald de Andrade pode ser considerado crítica contra o
preconceito linguístico e desperta o senso crítico do leitor em relação à
divergência entre as línguas. Por fim, em pleno século XXI, o preconceito linguístico
é real na sociedade brasileira. Confira o poema “Vício na fala”!
Vício na Fala
Para dizerem milho
dizem mio
Para melhor dizem
mió
Para pior pió
Para telha dizem
teia
Para telhado dizem
teiado
E vão fazendo
telhados.
Oswald de Andrade
Artigo elaborado
por Sérgio Lopes - Jornalista,
Professor, Especialista em (TV, Cinema e Mídias Digitais) e em Letras
(Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa e Inglesa)
Prezada Márcia, obrigado pelo comentário. Infelizmente, é uma triste realidade...
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