O cantor, compositor e escritor Gabriel Contino, é conhecido pelo
nome artístico Gabriel, O Pensador. O músico escreveu canções reflexivas,
enfatizando questões representativas de temáticas como: racismo, preconceito,
desigualdade social, miséria, empatia, solidariedade, união, amor ao próximo e
desemprego. Em 1997, o último tema foi desenvolvido na canção “Dança do Desempregado”. Naquela época, muitos brasileiros enfrentaram o drama social do
desemprego... Milhões de famílias dependeram exclusivamente da renda do
trabalho para pagar suas contas e alimentar seus filhos. Gabriel, O Pensador fez a letra com o intuito de criticar o contexto
social do Brasil, da gestão do então ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
(PSDB – SP). No século passado, no final da década de 90, os domingos dos
programas televisivos de auditórios (Faustão e Gugu) promoveram excessivamente
os ritmos musicais (axé e pagode). A “Dança do Desempregado” foi um deboche bem
humorado aos hits baianos: “Dança do Bumbum, Dança da Cordinha, A Dança da
Sensual, Dança do Robô”. O suingue do pagode e a batida do pandeiro fizeram
parte do arranjo da música de Gabriel. Graças a Deus, “Dança do Bumbum, Dança
da Cordinha, A Dança da Sensual, Dança do Robô” não fazem mais sucesso.
Contudo, “A Dança do Desempregado” é uma triste realidade no Brasil de 2022. Infelizmente, milhões de brasileiros estão desempregados.
Dança do desempregado
Essa é
a dança do desempregado
Quem
ainda não dançou tá na hora de aprender
A nova
dança do desempregado
Amanhã
o dançarino pode ser você
E vai
levando um pé na bunda vai
Vai
por olho da rua e não volta nunca mais
E vai
saindo vai saindo sai
Com
uma mão na frente e a outra atrás
E bota
a mão no bolsinho (Não tem nada)
E bota
a mão na carteira (Não tem nada)
E bota
a mão no outro bolso (Não tem nada)
E vai
abrindo a geladeira (Não tem nada)
Vai
porcurar mais um emprego (Não tem nada)
E olha
nos classificados (Não tem nada)
E vai
batendo o desespero (Não tem nada)
E vai
ficar desempregado
Essa é
a dança do desempregado
Quem
ainda não dançou tá na hora de aprender
A nova
dança do desempregado
Amanhã
o dançarino pode ser você
E vai
descendo vai descendo vai
E vai
descendo até o Paragüai
E vai
voltando vai voltando vai
"Muamba
de primeira olhaí quem vai?"
E vai
vendendo vai vendendo vai
Sobrevivendo
feito camelô
E vai
correndo vai correndo vai
O rapa
tá chegando olhaí sujô!...
E vai
rodando a bolsinha (Vai, vai!)
E vai
tirando a calcinha (Vai, vai!)
E vai
virando a bundinha (Vai, vai!)
E vai
ganhando uma graninha
E vai
vendendo o corpinho (Vai, vai!)
E vai
ganhando o leitinho (Vai, vai!)
É o
leitinho das crianças (Vai, vai!)
E vai
entrando nessa dança
Essa é
a dança do desempregado
Quem
ainda não dançou tá na hora de aprender
A nova
dança do desempregado
Amanhã
o dançarino pode ser você
E bota
a mão no bolsinho (Não tem nada)
E bota
a mão na carteira (Não tem nada)
E não
tem nada pra comer (Não tem nada)
E não
tem nada a perder
E bota
a mão no trinta e oito e vai devagarinho
E bota
o ferro na cintura e vai no sapatinho
E vai
roubar só uma vez pra comprar feijão
E vai
roubando e vai roubando e vai virar ladrão
E bota
a mão na cabeça!! (É a polícia)
E joga
a arma no chão E bota as mãos nas algemas
E vai
parar no camburão
E vai
contando a sua história lá pro delegado
"E
cala a boca vagabundo malandro safado"
E vai
entrando e olhando o sol nascer quadrado
E vai
dançando nessa dança do desempregado
Essa é
a dança do desempregado
Quem
ainda não dançou tá na hora de aprender
A nova
dança do desempregado
Amanhã
o dançarino pode ser você
Gabriel
O Pensador
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