quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Eles tentaram pintar um “retrato” do Brasil II



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          José Pereira da Graça Aranha aderiu ao movimento modernista em 1922 e foi um dos organizadores da Semana de Arte Moderna. Graça Aranha foi um poeta marcado pela forma que expressou o propósito de apresentar que toda sua vida se orientou no estímulo de libertação, o que tornou, em essência, a impressão que construiu de si e dos personagens principais de seus romances. A obra literária de destaque foi Canaã, publicada em 1902.  O livro apresentou característica social feito sob influência do Simbolismo e destinado a estudar o declínio do Brasil. Em Canaã, podemos ressaltar que o personagem Mikau, imigrante alemão, depois de uma fase de isolamento e crise existencial, buscou, no Brasil, prosperar a “simpatia humana” e completar-se com o universo através de sensações excitadas pela natureza; daí a recorrência de passagens que exploram cheiros, sons, cores e formas.
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          José Bento Renato Monteiro Lobato foi considerado um poeta polêmico, ele sempre dizia o que tinha vontade, quer agrade ou não... Viveu um período nos Estados Unidos e voltou para o Brasil com a ideia de defender a exploração do petróleo e do ferro... Além disso, o objetivo de Lobato era elevar o padrão de vida do brasileiro do seu tempo. Atraiu para si antipatias que o levaram a pobreza e a doença. Foi injuriado, preso e perseguido. Diante do desprazer com o mundo adulto, em 1921, ele iniciou a produção literária para crianças. Lobato passou a dizer tudo que pensava por intermédio dos personagens infantis (Emília, Pedrinho, Visconde de Sabugosa, Cuca, dentre outros). 

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          Emília é uma boneca de pano com ideias e sentimentos livres de qualquer influência; Pedrinho, personagem que o autor se identifica quando criança; Visconde de Sabugosa é um espiga de milho inteligente que apresenta comportamento de adulto. Cuca utiliza de métodos perversos e desumano e amedronta a todos.  Outras personagens fazem parte da obra: “O Sítio do Pica-Pau Amarelo”, que nos dias atuais ainda é prestigiado por diversas crianças e adultos... Já Urupês é uma coletânea de contos e crônicas, publicada originalmente em 1918. Lobato registra toda uma época, dos costumes, dos usos das pessoas simples do interior. É claramente observado na obra, uma população abandonada a mercê das intempéries, sem o devido suporte da política agrícola brasileira. O escritor vê  uma população subnutrida, marginalizada socialmente, sem acesso à cultura, acometida de toda sorte de doenças endêmicas. Urupês é considerado o verdadeiro precursor da ficção modernista do país.  
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           Enfim, desde do início do século XX, os escritores do pré-modernismo brasileiro (Euclides da Cunha, Lima Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato) deixaram suas marcas na literatura nacional. Eles analisaram a realidade da época e incorporaram as tensões do período. Não deixaram de mostrar inconformismo perante suas próprias consciências dos aspectos políticos e sociais, incorporando seus próprios conceitos que abriram o caminho para o Modernismo. Essa foi uma fase de indefinição que nos deixou obras como: Canaã de Graça Aranha; Os Sertões de Euclides da Cunha; Urupês de Monteiro Lobato e Triste fim de Policarpo Quaresma de Lima Barreto que deveriam ser lidas por todos os brasileiros.
Sérgio Lopes

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