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No ano de 1992, no auge do processo pró-impeachment do então presidente
Fernando Collor de Mello, passeatas movimentaram as ruas das grandes cidades brasileiras.
No meio delas estavam os “caras-pintadas”. De forma incomum, os jovens daquela
época participavam de manifestações políticas. A grande mídia divulgava provas
de corrupção e desrespeito ao povo brasileiro. Uma quadrilha de colarinho-branco
havia assaltado os cofres públicos e privados, a força do repúdio popular veio
nas cores da bandeira nacional. A juventude destituiu de sentidos o
patriotismo-marketing que foi usado na campanha eleitoral para alcançar o poder
de Estado.
Imagem: acervo.oglobo.globo.com |
Os “caras-pintadas” tornou novo um símbolo – duas pinceladas paralelas –
cujo o uso no rosto de milhares de estudantes aflorou o sentimento patriótico e
gerou a vontade de participar das decisões políticas. Contribuíram para a
abertura das cortinas do teatro da política vigente da época. Houve a
possibilidade de enxergar os bastidores do poder, uma brecha no sistema de
dominação foi aberta. Os
“caras-pintadas” levaram ao conhecimento público a ideia marketing de pátria e
patriotismo que emanava do circuito do poder.
Imagem: www2.camara.leg.br |
Aproveitemos esse importante fato histórico para refletirmos a respeito
da situação política do Brasil na atualidade. A maioria esmagadora dos atores
políticos envolvidos no processo de impeachment contra presidenta Dilma Rousseff
enfrentam uma série de acusações com corrupção, fraude eleitoral e até abusos
de direitos humanos. O poderoso deputado Eduardo Cunha que foi afastado da
presidência da Câmara está em julgamento no Supremo Tribunal Federal sob a
acusação que embolsou U$$ 40 milhões em propinas.
Imagem: www.ocafezinho.com |
O Vice-presidente da República Michel Temer e o Presidente do Senado Federal Renan
Calheiros são acusados de corrupção. O parlamentar Éder Mauro (PSD – PA) é
investigado por extorsão e tortura. Já o Deputado Beto Mansur (PRB – SP) é
acusado de manter 46 empregados em fazendas de soja em condições deploráveis e
comparadas a uma escravidão. Ambos são favoráveis a saída de Rousseff... O
Congressista Paulo Maluf está envolvido em vários escândalos de corrupção que
os seus eleitores até criaram o seguinte slogan “Rouba, mas faz”.
Imagem: ongdohumor.wordpress.com |
Senhor Maluf afirmou que “está farto de tanta corrupção no país e que
apoia a saída da presidente Dilma Rousseff"... Portanto, a confirmação do
impeachment de Dilma devido a pedaladas fiscais (que a maioria da população não
tem a mínima ideia do que seja) é algo extremamente ridículo, porém mais ridículo ainda é o
fato desse processo ser liderado por políticos inescrupulosos. O Brasil precisa
de uma reforma política séria, essa deveria ser a bandeira levantada pelo povo.
Contudo a maior parte da nossa população permanece apática, alienada, fútil, ajoelhada
e com as pernas abertas...
Sérgio Lopes
Imagem: eamoescrever.blogspot.com |
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