Neste
ano, o Brasil perdeu duas personalidades relevantes do cenário musical (Belchior
e Luiz Melodia). Nos dias 30 de abril e 04 de agosto de 2017, a música popular
brasileira sofreu um duro golpe... Os dois músicos brasileiros morreram e nos
deixaram um enorme legado. As canções de Belchior tinham arranjos simples e
eram consideradas poéticas e filosóficas. Ele tocava nas mais profundas
questões humanas (política, trabalho, tempo, amor)... Já Melodia foi responsável por aproximar
gêneros como samba, soul, MPB, blues e rock. Mas o que esses dois gênios da
música têm em comum? Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes nasceu
no dia 26 de outubro de 1946, na cidade de Sobral no Ceará. No ano de 1972, o
músico cearense juntamente com Fagner compôs a canção “Mucupire” que foi
gravada pela cantora Elis Regina...
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Imagem:Mio Amor |
Em
1974, Belchior gravou seu primeiro LP, na Chantecler. Em 1976, foi gravado o segundo LP, Alucinação
(Polygram). O trabalho consolidou sua carreira com lançamento das canções de êxito como:"Velha roupa colorida", "Como nossos pais" (depois regravadas por Elis Regina) e “Apenas
um rapaz latino-americano”. Outros sucessos incluem “Paralelas” (lançada por
Vanusa), "Galos", "noites e quintais" (regravada por Jair Rodrigues) e Comentário a
respeito de John (homenagem a John Lennon). Em meados da década de 1970,
Belchior foi considerado um dos primeiros cantores de MPB da região nordeste a
fazer sucesso em todo território nacional.
Além
disso, o cantor nordestino produziu outros LPs.
Em 1993, criou o disco de canções inéditas chamado “Baihuno”, no qual a
pesquisadora da USP Josely Teixeira Carlos (autora de teses sobre o artista)
afirma que Belchior fez “um sumário das ideias que apresentou ao longo da
carreira, de rapaz latino-americano, ‘baiano’ (uma referência a como os
nordestinos são chamados em São Paulo) e ‘huno’ (o povo bárbaro da Ásia Central
que migrou para a Europa nos séculos IV e V em busca de novos pastos”). No ano
de 2003, produziu um disco independente e de regravações. Contudo, Belchior foi
afastando do cenário musical... Em 2003, dividiu palco com a banda carioca Los
Hermanos (que regravou a sua canção “A palo seco”). No ano de 2009, o cantor
cearense fez sua última aparição pública em Brasília, em um show de Tom Zé.
Daquela época em diante, Belchior estava envolvido com dívidas. Então, sumiu e
evitou contato com seus fãs e com a mídia...
Luiz Carlos dos
Santos nasceu no dia 07 de janeiro de 1951, no Rio de Janeiro. Iniciou a carreira musical em 1963 com o
cantor Mizinho, ao mesmo tempo em que trabalhava como tipógrafo, vendedor,
caixeiro e músico em bares noturnos. No ano seguinte, formou o conjunto musical Os Instantâneos com (Manoel, Nazareno e Mizinho). No ano de 1973, lançou seu
primeiro LP chamado Pérola Negra. A Rede Globo de televisão promovia uma
competição musical denominada “Festival Abertura”, Luiz Melodia conseguiu
chegar a finalíssima com sua canção “Ébano”. Nas décadas posteriores, Melodia
lançou vários álbuns e realizou shows nacionais e internacionais. Nos anos de 1987 e 1992, o músico carioca
atingiu o auge da carreira.
No final
da década de 1980, apresentou-se em Chateauvallon, na França e em Berna,
Suíça. Já no início da década de 1990,
participou do "III Festival de Música de Folcalquier" na França. Melodia
atravessou a década seguinte com shows de sucesso no Brasil e na europa,
espraiando-se musicalmente por samba-funk, reggae e samba nos moldes ortodoxos.
Tudo sem deixar de brilhar em regravações populares como
"Codinome beija-flor" (de Cazuza, Ezequiel Neves e Reinaldo Arias) e
"Broto do jacaré" (Roberto e Erasmo). No século XXI, Melodia teve
bons momentos. Ele priorizou acústicos, DVDs ao vivo e projetos de releituras.
Porém ficou 13 anos sem lançar discos... No ano de 2014, o último trabalho foi
intitulado "Zérima". O disco rendeu elogios da crítica e lhe valeu o
reconhecimento como melhor intérprete no Prêmio da Música Brasileira, em 2015.
Tanto
Belchior quanto Luiz Melodia representavam o surgimento do nada e, no fundo
eram a síntese aberta de tudo. Esses dois músicos foram protagonistas de uma
linhagem de artistas do cenário musical que não se uniam a nenhum movimento
estético ou movimentação cultural específica. Eles não tinham nada a ver com as divergências entre o tropicalismo e certa “linhagem nobre” da MPB, que era formada por
(Edu Lobo, Chico Buarque e Francis Hime), pois são a expressão de algo novo. Os
músicos (cearense e carioca) trouxeram ecos de suas letras na época do êxito,
da experimentação formal já incorporada à criação das canções, sem a
necessidade da explanação e do barulho exagerado dos tropicalistas, por
exemplo. A obra musical de invenção dos cantores (Belchior e Melodia) são dados
assombrosamente naturais e a experimentação está incorporada as canções. Enfim,
não se trata de uma derivação do que ocorreu nos anos de 1960, nem via
tropicalismo nem via MPB tradicional.
Sérgio Lopes
Infelizmente a Música Brasileira perde dois grandes ícones. Artistas completos e talentosos que deixarão um grande legado à cultura Brasileira.
ResponderExcluirParabéns pelo texto meu amigo!
Grande abraço!
Prezado amigo,
ResponderExcluirA MPB sofreu um duro golpe. Eles foram grandes poetas com letras que retratavam a essência da vida...
Desejo lhe felicidade acima de tudo,
Sérgio Lopes