quarta-feira, 22 de maio de 2019

Quem vive bem e feliz no século XXI?


          Segundo informações divulgadas pelo Fundo de População das Nações Unidas (FNUAP), no ano de 2013, a população mundial atingiu a marca de 7,2 bilhões de habitantes, distribuída da seguinte maneira: (África: 1,111 bilhão de habitantes, América: 953,7 milhões de habitantes, Ásia: 4,427 bilhões de habitantes, Europa: 742,5 milhões de habitantes, Oceania: 40 milhões de habitantes). Ainda de acordo com o FNUAP, a Terra terá 9 bilhões de habitantes em 2050, crescendo a um ritmo anual de 0,33% ao ano, considerado inferior à taxa atual (2,02%). Do surgimento do homem no planeta até os dias atuais, os continentes passaram por processos histórico-culturais marcados por (guerras, genocídios, imposição cultural, exploração, corrupção, perseguições políticas, escândalos políticos, perseguições religiosas, preconceito, racismo, terrorismo, morte, violência, fome, doença). Os Estados Unidos da América, Canadá, Alemanha, França, Reino Unido, Suécia, Suíça, Noruega, Dinamarca, Rússia, Japão, China, Israel, Emirados Árabes Unidos, Austrália podem ser consideradas as nações mais poderosas do mundo.

          Políticas que objetivaram estimular os níveis educacionais da população, corte no orçamento, investimento externo, conquista de reservas naturais, exportação de produtos de valor agregado dentre outros, foram certas medidas que os países ricos buscaram para o desenvolvimento econômico. Do século XVIII até o início do XX, o hemisfério norte promoveu o processo de desenvolvimento industrial. A industrialização dos países ricos pode ser considerada o principal responsável pelo progresso? Nos dias atuais, muitas nações ricas usufruem de baixa natalidade, alta expectativa de vida, elevada renda per capita, acentuada expansão de setores industriais, empregos...  Contudo, há problemas... Mesmo com o desenvolvimento tecnológico e econômico, alguns países apresentam desigualdades sociais. Segundo o RIO - Relatório produzido pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) “In It Together: Why Less InequalityBenefits All”(”Nisso Juntos: Por que menos desigualdade beneficia a todos”) , lançado em 2015, apontou um cenário de desigualdade crescente nos países desenvolvidos.
          A desigualdade entre ricos e pobres atingiu um nível recorde na maioria dos países da OCDE. Ainda de acordo com o RIO, entre os países da OCDE, as desigualdades mais expressivas foram nos Estados Unidos e Israel. O relatório de 2015, divulgou que nos EUA, os 10% mais ricos ganham 16,5 vezes mais do que os 10% mais pobres. Em Israel, os ganhos dos 10% mais ricos são equivalentes a 15 vezes os dos mais pobres. Já os países do Hemisfério Sul promoveram desenvolvimento tardio e dependentes de metrópoles ou colônias, o que favoreceu somente as economias externas.  O precário sistema de saúde, a má alimentação, a falta de acesso à educação, os baixos índices de desenvolvimento social, a vulnerabilidade econômica dentre outros são marcantes nos países pobres e em desenvolvimento. O mundo vive condição de extrema desigualdade. Conforme dados recentes apresentados pela organização Oxfam Brasil, em nível global, apenas oito pessoas detêm o mesmo patrimônio que a metade mais pobre da população mundial. Ainda de acordo com a OXfam, no Brasil, a situação é ainda mais acentuada: apenas seis pessoas possuem a riqueza dos 100 milhões de brasileiros mais pobres. No maior país da América do Sul, os 5% mais ricos detêm a mesma fatia de renda que os demais 95%. Enfim, quem vive bem e feliz no século XXI?

Sérgio Lopes (Jornalista e Professor)


segunda-feira, 13 de maio de 2019

A escravidão ainda não acabou


          
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Imagem: Dica de Vestibular Uol
          Da primeira metade do século XVI até o final do século XIX, a escravidão reinou no Brasil. Os escravos negros vindo da África desempenharam atividades diversas, tais como: estivadores, barqueiros, vendedores, aprendizes, mestres em artesanato. Bem como, trabalho nos engenhos de cana-de-açúcar, lavouras de café, serviços domésticos dentre outros. Caso não cumprissem as obrigações, os homens brancos castigavam-os. As punições eram com instrumentos de ferro e surras com chicote.  Além disso, os escravos não recebiam salários, tinham longas jornadas de trabalhos, viviam em habitações precárias e alimentavam mal. Mesmo com a abolição da escravidão em 1888, os negros não foram ajudados por ninguém. Sem direitos claros e sem dignidade alguma. 
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Imagem: Revista Raiz
          Foram abandonados a própria sorte e tiveram que lutar com muita dificuldade. Infelizmente, sofreram e ainda sofrem injustiças no Brasil. Segundo o site https://descomplica.com.br/, na atualidade, 54% da população brasileira se identifica como negra (pretos e pardos). Ainda assim, mais de 70% da população negra do Brasil se encontra em situação de extrema pobreza – de acordo com pesquisas da Organização das Nações Unidas (ONU). Os dados que comprovam o racismo estrutural na nossa sociedade são inúmeros. Ainda de acordo com o portal https://descomplica.com.br/, as diferenças são ainda mais gritantes quando avaliamos os recortes de gênero sobre a questão racial no país. 
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Imagem: Vestibular Brasil Escola
          Segundo levantamento do Instituto Locomotiva, um homem branco ganha um salário 63% mais alto do que a remuneração de mulher negra nas mesmas condições de escolaridade e função.  A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprovou que mulheres negras são a maioria entre os desempregados do país. Diante desta realidade, a escravidão ainda não acabou? Oficialmente, a Lei Áurea que foi assinada pela Princesa Isabel, no dia 13 de maio de 1888, decretou o fim da escravidão no país. Todavia, o Brasil tem dívida histórica com os afro-brasileiros. Ainda não foram executadas medidas de reparos econômicos e sociais de incorporação da população negra, como por exemplo, o trabalho e a educação, políticas de saúde, disponibilidade a habitação e acesso a terra. Enfim, já passados 131 anos do fim do regime escravocrata, os negros do Brasil necessitam de cidadania plena.

Sérgio Lopes (Jornalista e Professor)

quarta-feira, 1 de maio de 2019

No século XXI, o voto de cabresto está vivo?


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Imagem: Guia do Estudante (ABRIL)
          Segundo o site www.todapolitica.com, o voto de cabresto foi o mecanismo de controle político muito usado pelos coronéis da República Velha para garantir a eleição de seus candidatos. Era uma forma de controle político e domínio de votos que tinha como base o poder econômico dos coronéis que comandavam o cenário político do período. Ainda de acordo com o portal www.todapolitica.com, a expressão voto de cabresto é bastante curiosa, pois o voto é a maior expressão da democracia, enquanto o cabresto é um instrumento usado para controlar animais. Portanto, a expressão possui um significado contraditório entre a liberdade da democracia e o controle sobre o voto. Este comportamento controlador foi uma das características mais marcante do período República Velha ou Primeira República do Brasil (1889 - 1930). 
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Imagem: Politize
          As oligarquias de São Paulo e Minas Gerais controlaram o poder político do país e as eleições foram marcadas por fraudes... Da chamada República Velha até o ano 2000, o voto de cabresto esteve presente no processo eleitoral. A utilização da máquina pública em larga escala nas eleições, a compra de votos, o abuso de poder das autoridades políticas, o apoio financeiros de empresários para financiamento de campanha eleitoral dentre outros podem ser considerados particularidades relevantes do voto de cabresto. No século XXI, o voto de cabresto está vivo?  A maior parte da população brasileira apresenta baixo nível de escolaridade. Conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2016, o Brasil ainda tinha cerca de 11,8 milhões de analfabetos, o que correspondia a 7,2% da população de 15 anos ou mais.
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Imagem: A Voz do Povo
          Em 2016, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) informou que cerca de 51% da população brasileira de 25 anos ou mais tinha somente até o Ensino Fundamental completo. No caso do Ensino Médio, 26,3% desse grupo tinha completado esse nível de instrução. A taxa mais baixa estava localizada no ensino superior: 15,3% completaram a etapa. Diante desta triste realidade do século atual, o brasileiro chegou em 2019 e provavelmente as estatísticas elevaram. Milhões de eleitores tornaram-se mais suscetíveis as compras de votos, ao voto de cabresto, propostas clientelistas. Já passados 34 anos do processo de redemocratização do Brasil, o voto pode valer um saco de cimento, uma camisa de time de futebol ou um engradado de cerveja. Tanto nas grandes cidades quanto no interior, a compra de votos e o voto de cabresto desafiam a democracia brasileira no século XXI.

Sérgio Lopes (Jornalista e Professor)