segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Dança do desempregado

O cantor, compositor e escritor Gabriel Contino, é conhecido pelo nome artístico Gabriel, O Pensador. O músico escreveu canções reflexivas, enfatizando questões representativas de temáticas como: racismo, preconceito, desigualdade social, miséria, empatia, solidariedade, união, amor ao próximo e desemprego.  Em 1997, o último tema foi desenvolvido na canção “Dança do Desempregado”.  Naquela época, muitos brasileiros enfrentaram o drama social do desemprego... Milhões de famílias dependeram exclusivamente da renda do trabalho para pagar suas contas e alimentar seus filhos.  Gabriel, O Pensador fez a letra com o intuito de criticar o contexto social do Brasil, da gestão do então ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB – SP). No século passado, no final da década de 90, os domingos dos programas televisivos de auditórios (Faustão e Gugu) promoveram excessivamente os ritmos musicais (axé e pagode). A “Dança do Desempregado” foi um deboche bem humorado aos hits baianos: “Dança do Bumbum, Dança da Cordinha, A Dança da Sensual, Dança do Robô”. O suingue do pagode e a batida do pandeiro fizeram parte do arranjo da música de Gabriel. Graças a Deus, “Dança do Bumbum, Dança da Cordinha, A Dança da Sensual, Dança do Robô” não fazem mais sucesso. Contudo, “A Dança do Desempregado” é uma triste realidade no Brasil de 2022.  Infelizmente, milhões de brasileiros estão desempregados. 


Dança do desempregado

Essa é a dança do desempregado

Quem ainda não dançou tá na hora de aprender

A nova dança do desempregado

Amanhã o dançarino pode ser você

 

E vai levando um pé na bunda vai

Vai por olho da rua e não volta nunca mais

E vai saindo vai saindo sai

Com uma mão na frente e a outra atrás

E bota a mão no bolsinho (Não tem nada)

E bota a mão na carteira (Não tem nada)

E bota a mão no outro bolso (Não tem nada)

E vai abrindo a geladeira (Não tem nada)

Vai porcurar mais um emprego (Não tem nada)

E olha nos classificados (Não tem nada)

E vai batendo o desespero (Não tem nada)

E vai ficar desempregado

 

Essa é a dança do desempregado

Quem ainda não dançou tá na hora de aprender

A nova dança do desempregado

Amanhã o dançarino pode ser você

 

E vai descendo vai descendo vai

E vai descendo até o Paragüai

E vai voltando vai voltando vai

"Muamba de primeira olhaí quem vai?"

E vai vendendo vai vendendo vai

Sobrevivendo feito camelô

E vai correndo vai correndo vai

O rapa tá chegando olhaí sujô!...

E vai rodando a bolsinha (Vai, vai!)

E vai tirando a calcinha (Vai, vai!)

E vai virando a bundinha (Vai, vai!)

E vai ganhando uma graninha

E vai vendendo o corpinho (Vai, vai!)

E vai ganhando o leitinho (Vai, vai!)

É o leitinho das crianças (Vai, vai!)

E vai entrando nessa dança

 

Essa é a dança do desempregado

Quem ainda não dançou tá na hora de aprender

A nova dança do desempregado

Amanhã o dançarino pode ser você

 

E bota a mão no bolsinho (Não tem nada)

E bota a mão na carteira (Não tem nada)

E não tem nada pra comer (Não tem nada)

E não tem nada a perder

E bota a mão no trinta e oito e vai devagarinho

E bota o ferro na cintura e vai no sapatinho

E vai roubar só uma vez pra comprar feijão

E vai roubando e vai roubando e vai virar ladrão

E bota a mão na cabeça!! (É a polícia)

E joga a arma no chão E bota as mãos nas algemas

E vai parar no camburão

E vai contando a sua história lá pro delegado

"E cala a boca vagabundo malandro safado"

E vai entrando e olhando o sol nascer quadrado

E vai dançando nessa dança do desempregado

 

Essa é a dança do desempregado

Quem ainda não dançou tá na hora de aprender

A nova dança do desempregado

Amanhã o dançarino pode ser você

Gabriel O Pensador


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