domingo, 6 de março de 2016

A Reforma Agrária Brasileira Será no Século XXX? (Parte I)


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                    A questão fundiária no país sempre foi polêmica, delicada e complexa. Quando os portugueses conquistaram o Brasil no século XVI, eles perceberam que havia necessidade de expandir o território nacional. Os constantes ataques indígenas, as invasões estrangeiras (corsários franceses, holandeses e piratas inglês) e a falta de monitoramento devido à grande extensão territorial levaram a coroa portuguesa a criar o sistema de capitanias hereditárias, que consistia na divisão do país em “lotes” entregues aos donatários...  As capitanias eram doadas as pessoas de confiança do rei e membros da nobreza, que, em troca de um sexto da produção total e da vigilância constante dessas áreas, tinham o direito de desfrutar dos benefícios da terra, produzir e explorar a mão de obra local. 
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                    Com o processo de independência do Brasil em 1822, muitos passaram a acreditar que a distribuição fundiária seria regulamentada...  Porém a organização de terras se deu pela "lei do mais forte". Não havia trabalhadores rurais, eles eram em sua maior parte escravos. Os antigos proprietários, grandes fazendeiros e novos grileiros apoiados por bandos armados eram os grupos interessados nas terras do país, eles entraram em conflitos...  O Império Brasileiro tinha só uma delimitação pública em relação a distribuição de terras, havia proibição da ocupação de terras públicas, a não ser que fossem compradas por dinheiro do império; tal medida beneficiou os grandes latifundiários, únicos que tinham poder aquisitivo para comprar terras públicas, aumentando mais suas terras.
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                    Nesta época houve também as discussões iniciais a respeito da reestruturação fundiária. Mas, com pouquíssima evolução. O período foi marcado por muitas mortes devido às disputas desenfreadas por terras. Na metade do século XIX, o império brasileiro inaugurou o Primeiro Código de Terras do Brasil, onde se elabora a Lei de Terras, no qual foi feito uma tentativa de reestruturação no aspecto fundiário entre outras muitas reformulações. A lei foi de extrema relevância para estabelecer uma relação mais forte entre estado e proprietários de terras. Já que os latifundiários tinham uma função primordial na estrutura política e social do Brasil.
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                    A expansão do capitalismo proporcionou ao continente europeu uma enorme evolução social e comercial.  Nosso país ainda estava atrasado em relação ao desenvolvimento da Europa, o Brasil necessitaria não só reorganizar a estrutura, bem como dar à terra um caráter mais comercial, do que social, como era observado pelos grandes engenhos e latifúndios de pessoas influentes. A terra veio a ser um relevante e fundamental gerador de lucros para a economia do estado.  A lei de 1850 passou a regulamentar o registro público de todas as terras e o império brasileiro passou a ter o controle total de terras devolutas, isto é, terras que apesar de terem donos, não produziam.
Charge do Latuff
                    Diante desta possível realidade, tal medida ficou conhecida como um primeiro plano de reforma agrária no território nacional e reduziu um pouco a expansão latifundiária. Mas os latifúndios caíram nas mãos do Estado Imperial e dos “coronéis latifundiários” que exerciam enorme influência política para manter seu poder territorial no interior do Brasil. O fracasso na comercialização das terras devolutas devido ao valor exorbitante e a impossibilidade de estabelecer limites na atuação dos coronéis levaram o governo do Brasil a acumular terras públicas.
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                    Com o fim da escravidão, em 1889, a distribuição de terras permaneceu inalterada por um longo período... Já no século XX, no final da década de 1950, a urbanização e a industrialização do Brasil possibilitaram o início da discussão junto à sociedade civil a questão de terras no Brasil. Época em que já se cauterizava um contexto injusto e o reparo das injustiças sociais seria uma tarefa complicada, a longo prazo, para tentar corrigir séculos de desigualdades...  Enfim, daremos continuidade na questão da Reforma Agrária do Brasil no próximo post.
Sérgio Lopes             
 

 

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