O pensador renascentista Nicolau Maquiavel é reconhecido como o
precursor do pensamento político moderno. Seu mérito está em revelar uma visão
autêntica e estratégica do exercício do poder. A sua obra relevante é “O
Príncipe”, inspira uma interpretação crítica do poder, da conduta ética e da
natureza do ser humano. Maquiavel desafia a visão valorativa da política ao
encará-la sob uma ótica real e estratégica, destacando que o dirigente deve
agir de acordo com a verdade, e não conforme convicções moralistas inabaláveis.
A célebre frase proferida pelo poeta romano Ovídio, na sua obra Heroides: “os
fins justificam os meios”, ainda que Maquiavel não tenha dito a sentença
literalmente, é muitas vezes atribuída ao autor renascentista devido a este
trecho do capítulo XVIII de sua obra O Príncipe: "Nas ações de todos os
homens, em especial dos príncipes, onde não existe tribunal a que recorrer, o
que importa é o sucesso das mesmas. Procure, pois, um príncipe, vencer e manter
o Estado: os meios serão sempre julgados honrosos e por todos louvados, porque
o vulgo sempre se deixa levar pelas aparências e pelos resultados, e no mundo
não existe senão o vulgo..." A
citação suscita questionamentos sobre em que ponto a obtenção do poder pode
justificar a quebra de princípios éticos. Maquiavel revela a política como um
campo de disputa, estratégia, manipulação.
Além disso, demonstra o ambiente político como espaço de competição, posicionamento,
esperteza. Ainda que escrito no século XVI, o livro permanece atual no ano de
2025, evidencia a obscuridade da estrutura de poder e das relações de
liderança. O Príncipe provoca no leitor a predisposição de opinar quanto à
retidão e integridade nas ações políticas. Em conclusão, investiga se é
factível governar com princípios morais em um mundo marcado por equívocos e barreiras.
Sérgio Lopes Jornalista
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