segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

A fofoca e a futilidade alegram a imprensa e os alienados?




Imagem do cardapiopedagogico.blogspot.com

          Para uma personalidade pública é muito difícil defender sua privacidade seja a presidenta da república, um cantor famoso, um líder religioso milionário, um artista renomado ou um ídolo do futebol. Quando tomam atitudes com repercussão na esfera de seus cargos, eles podem provocar resultados ativos na sociedade, e também ações comportamentais na esfera privada, como no caso de um político famoso que é homossexual ou um cantor que é ateu.  A invasão da privacidade pode desqualificar a informação em sua dimensão. Nenhuma pessoa acha justo revirar a intimidade alheia, mas a maioria do público alienado do Brasil adora que a imprensa (na busca exacerbada por dinheiro) divulgue mexericos e futilidades sobre famosos e ricos.  
imagem do www.purepeople.com.br
          Casamento, nascimento de uma criança, traição conjugal, cabelo sedoso, cor do esmalte, uso de silicone, dieta, drenagem, carro novo das celebridades brasileiras e mundiais vão trazer consequências políticas ou econômicas para o Brasil enquanto nação ou para seus cidadãos diretamente?  Em 05 de agosto de 1998, o Jornal Nacional divulgou para todo país o nascimento da filha da então apresentadora global Xuxa Meneghel num tempo aproximado de dez minutos, ocupando praticamente um quarto do noticiário. Na mesma edição do telejornal, foram usados apenas quatro minutos para informar a respeito da privatização do sistema Telebrás, o maior leilão do gênero já realizado no mundo. A cobertura do parto da ex- apresentadora da TV Globo representou e representa pouco ou nada de impacto na sociedade. Já a venda dos grupos de telefonia na época foi e é relevante na vida do cidadão brasileiro. A privatização da Telebrás possibilitou facilitação do consumidor ao telefone celular, praticamente indispensável no cotidiano das pessoas no século XXI.


imagem do g1.globo.com
           Em setembro de 2011, a imprensa fez a cobertura da cerimônia de casamento do Príncipe inglês William e Kate Middleton na Abadia de Westminster.  Alguns veículos de comunicação transmitiram ao vivo o casamento. Outros programas supostamente jornalísticos fizeram cobertura intensa de algo tão distante da nossa realidade geográfica, social, política e econômica...
imagem do dindry.blogspot.com
           Em 2012, a Rede Bandeirantes exibiu o reality-show Mulheres Ricas. O programa fugiu da realidade vivida pela maior parte da população brasileira. Mostrou mulheres milionárias (Brunete Fraccaroli, Val Marchiori, Lydia Sayeg, Débora Rodrigues e Narcisa Tamborindeguy) esbanjando dinheiro e ostentação. A atração teve repercussão e apresentou algumas coisas forçadas e extravagâncias surreais. No primeiro episódio do reality, a socialite Val Marchiori disse o seguinte: “comprar um avião de R$ 30 milhões é como comprar blusa, ou ter um cabeleireiro 24 horas por dia é a realização de um sonho das mulheres.”
 
imagem do nirvanadusseldorf.blogspot.com
           Enfim, o jornalismo de qualidade tem como objetivo primordial atender o interesse social. Não importa se privado, público, concessão pública ou outro tipo qualquer, jornalismo é uma atividade com preceito ético de prestar auxílio as pessoas. Dentro dessa ética existem critérios de noticiabilidade, e um deles é a importância social do tema. O “jornalismo de celebridade” e a fofoca até podem existir, ainda que fúteis e inúteis, porém definitivamente não deveriam ocupar tanto espaço de relevância nos meios de comunicação.
Sérgio Lopes
 

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