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Para
uma personalidade pública é muito difícil defender sua privacidade seja a
presidenta da república, um cantor famoso, um líder religioso milionário, um
artista renomado ou um ídolo do futebol. Quando tomam atitudes com repercussão
na esfera de seus cargos, eles podem provocar resultados ativos na sociedade, e
também ações comportamentais na esfera privada, como no caso de um político
famoso que é homossexual ou um cantor que é ateu. A invasão da privacidade pode desqualificar a
informação em sua dimensão. Nenhuma pessoa acha justo revirar a intimidade
alheia, mas a maioria do público alienado do Brasil adora que a imprensa (na
busca exacerbada por dinheiro) divulgue mexericos e futilidades sobre famosos e
ricos.
Casamento,
nascimento de uma criança, traição conjugal, cabelo sedoso, cor do esmalte, uso
de silicone, dieta, drenagem, carro novo das celebridades brasileiras e
mundiais vão trazer consequências políticas ou econômicas para o Brasil
enquanto nação ou para seus cidadãos diretamente? Em 05 de agosto de 1998, o Jornal Nacional
divulgou para todo país o nascimento da filha da então apresentadora global
Xuxa Meneghel num tempo aproximado de dez minutos, ocupando praticamente um
quarto do noticiário. Na mesma edição do telejornal, foram usados apenas quatro
minutos para informar a respeito da privatização do sistema Telebrás, o maior
leilão do gênero já realizado no mundo. A cobertura do parto da ex- apresentadora
da TV Globo representou e representa pouco ou nada de impacto na sociedade. Já
a venda dos grupos de telefonia na época foi e é relevante na vida do cidadão
brasileiro. A privatização da Telebrás possibilitou facilitação do consumidor
ao telefone celular, praticamente indispensável no cotidiano das pessoas no
século XXI.
imagem do g1.globo.com |
Em
setembro de 2011, a imprensa fez a cobertura da cerimônia de casamento do Príncipe
inglês William e Kate Middleton na Abadia de Westminster. Alguns veículos de comunicação transmitiram ao
vivo o casamento. Outros programas supostamente jornalísticos fizeram cobertura
intensa de algo tão distante da nossa realidade geográfica, social, política e
econômica...
imagem do dindry.blogspot.com |
Enfim, o jornalismo de qualidade tem como objetivo primordial atender o interesse social. Não importa se privado, público, concessão pública ou outro tipo qualquer, jornalismo é uma atividade com preceito ético de prestar auxílio as pessoas. Dentro dessa ética existem critérios de noticiabilidade, e um deles é a importância social do tema. O “jornalismo de celebridade” e a fofoca até podem existir, ainda que fúteis e inúteis, porém definitivamente não deveriam ocupar tanto espaço de relevância nos meios de comunicação.
Sérgio Lopes
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