segunda-feira, 23 de novembro de 2020

O surgimento dos ingleses no Brasil Colônia


Os lusitanos objetivavam elevar os lucros e enviar produtos brasileiros[1] para Europa. Contudo, alguns países do velho continente souberam da existência de riquezas na colônia. A Inglaterra nação próspera deu início à industrialização, fez o sistema capitalista evoluir e tornou o império mais poderoso e influente do mundo. O amplo domínio de mercados consumidores e matérias primas foram primordiais para o processo industrial inglês.

 

Como resultado da Revolução Industrial[2], combinada com o domínio dos oceanos e a expansão comercial, a riqueza da Inglaterra dobrou entre 1712 e 1792. Em menos de um século, o volume de comércio nos portos de Londres triplicou. Em 1800, o Rio Tâmisa, nas imediações da capital, era uma floresta de mastros de navios. Todos os dias, entre 2000 e 3000 barcos mercantes estavam ancorados à espera da vez para embarcar ou descarregar suas mercadorias. Da China chegavam chá e seda. Dos Estados Unidos, tabaco, milho e trigo. Do Brasil, açúcar, madeira, café e minérios. Da África, marfim e minérios. Entre 1800 e 1830, o consumo de algodão pelas indústrias têxteis na região de Liverpool saltou de 5 milhões para 220 milhões de libras, um crescimento de 44 vezes em apenas três décadas. (GOMES, 2007, p.180 – 181)

 

Em 1530, os ingleses tiveram o primeiro contato com a colônia brasileira. Posteriormente, na segunda metade do século XVI, alcançaram o sul do Atlântico, os vínculos com a América Portuguesa foram um dos fatos dessa nova expansão.

 

O primeiro corsário a navegar em águas brasileiras foi Willian Hawkins, notório traficante de escravos, membro do parlamento e amigo do rei Henrique VIII. Entre 1530 e 1532, ele fez três lucrativas viagens ao Brasil, levando numa delas, para Londres, um cacique – “um autêntico rei brasileiro”. Seu filho, John Hawkins, e seu neto, Richard, seguiram a tradição e também fizeram vantajosas incursões nos mercados negreiros da Guiné e do Brasil. O primeiro ataque pirata ao litoral brasileiro foi comandado pelos flibusteiros Robert Withrington e Christopher Lister. Por seis semanas, de abril a junho de 1587, eles assolaram o Recôncavo Baiano. Só foram rechaçados porque o governador Cristovão Barros teve ajuda de “índios flecheiros”. Em 29 de março de 1595, James Lancaster tomou o porto do Recife e lá permaneceu por 31 dias, carregando seus três navios – e outros doze que “alugou” de franceses e holandeses que ali encontrou – com tudo o que pôde saquear. Foi a mais lucrativa das pilhagens ao Brasil. (BUENO, 2003, p.87)

 

               Baseado nas palavras de Bueno, podemos associar que os piratas e corsários ingleses saquearam diversos produtos nacionais. Portanto, os envolvimentos entre a Inglaterra e o Brasil no século XVI, podem ser considerados movimento de expansão inglesa no Atlântico Sul, sem pretensão colonial.


[1] A primeira atividade econômica da colônia brasileira é a exploração do pau-brasil, mas ela perde a importância quando as árvores começam a escassear na região da mata Atlântica. Destacam-se então as monoculturas exportadoras de cana-de-açúcar, algodão e tabaco e a mineração de ouro e diamante, ramos em geral baseados na grande propriedade e na escravidão. Paralelamente, a criação de gado, vista como um meio de subsistência, contribui para a colonização do interior do país. (https://www.portalsaofrancisco.com.br/historia-do-brasil/economia-no-brasil-colonia)

[2] A Revolução Industrial foi o período de grande desenvolvimento tecnológico que teve início na Inglaterra a partir da segunda metade do século XVIII e que se espalhou pelo mundo causando grandes transformações. A Revolução Industrial garantiu o surgimento da indústria e consolidou o processo de formação do capitalismo. (https://brasilescola.uol.com.br/historiag/revolucao-industrial.htm)

Sérgio Lopes (Jornalista, Professor e Especialista em TV, Cinema e Mídias Digitais)

 

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