segunda-feira, 18 de abril de 2016

Os 513 são picaretas?


Imagem: cbn.globoradio.globo.com

          No dia 17 de abril de 2016, o país parou para acompanhar por quase 10 horas o processo de votação do prosseguimento do impeachment para a presidente Dilma Rousseff. Alguns deputados protagonizaram cenas bizarras e aproveitaram o momento para exaltar Deus, filhos, netos, pais, mães, maridos, esposas, sobrinhos, sobrinhas, pastores evangélicos, torturadores da ditadura, evangélicos etc. A maioria dos congressistas esqueceram de mencionar o povo nos seus discursos...Eis algumas falas dos deputados favoráveis ao impeachment de Dilma: Jair Bolsonaro (PSC – RJ): “Nesse dia de glória para o povo tem um homem que entrará para a história. Parabéns Eduardo Cunha. Perderam em 1964 e agora em 2016. Pela família e inocência das crianças que o PT nunca respeitou, contra o comunismo, o Foro de São Paulo e em memória do Coronel Brilhante Ulstra, o meu voto é sim.” 
           Takayama (PSC – PR):“Contra a ladroeira, conta a imposição e a esquerda desse partido que quer transformar esse Brasil numa ditadura de esquerda, por Sergio Moro, pelo Paraná, pela minha vida”. Paulo Martins (PSDD – PR): “Pelo povo que foi às urnas de verde e amarelo, pelo Brasil livre do PT, pelo Paraná, pela república de Curitiba, eu voto sim!” Adail Carneiro (PP – CE): “Reconheço o trabalho belíssimo que o ex-presidente Lula fez pelo nosso Brasil, dando oportunidade aos mais pobres, que nada tinham até os governos anteriores. Quero pedir desculpas a ele e também ao Cid Gomes. Mas não posso deixar de atender aos pedidos das redes sociais para que tenhamos nova oportunidade ao povo brasileiro.”
Imagem: www.tribunadabahia.com.br
           Já deputados que votaram contrários ao impeachment fizeram as seguintes declarações: Jean (PSOL – RJ): “Em primeiro lugar estou constrangido de participar dessa farsa, dessa eleição indireta, conduzida por um ladrão. Essa farsa sexista! Em nome dos direitos da população LGBT, do povo negro e exterminado nas periferias, dos trabalhadores da cultura, dos sem teto, dos sem terra, eu voto não ao golpe! E durmam com essa, canalhas!” Luiz Sérgio (PT – RJ) “Quero deixar registrado que nunca na minha vida eu ouvi tantas vezes usar o nome de Deus em vão, como se fosse um panfleto. Segundo, em respeito ao voto popular e em respeito à democracia, eu voto não!” Professora Marcivania (PCdoB – AP): “Eu acho que nunca vi tanta hipocrisia por metro quadrado, dizer que vai lutar contra a corrupção colocando Temer e Cunha no Poder.” César Messias (PSB – AC): “Olha onde nós chegamos! Tira Dilma, entra Temer. Tira Temer, entra Cunha. Tira Cunha, entra Renan. Que Brasil é esse? É não!”
          A votação foi marcada com gritos, cartazes e bandeiras, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, um dos alvos da Operação Lava Jato e pivô de uma série de denúncias, as proibiu no exato momento em que foi levantada uma que dizia “Fora Cunha”. Os Congressistas trabalharam dois dias (mais de 40 horas) de debates, e no terceiro dedicaram somente a votação. Nas redes sociais, muitos brasileiros enfatizaram que nunca na história deste país a Câmara trabalhou tanto, parando somente de madrugada. Houve interrupções muitas vezes, insultos em outras (“golpistas, machistas, filhos da ditadura”) e aconteceram até mesmo empurrões... Segundo a ONG Transparência Brasil, os Deputados Federais não gozam de grande reputação. 60% deles apresentam processos pendentes com a Justiça. A histórica sessão que decidiu o futuro da presidenta não contribui para melhorar a imagem dos 513 picaretas ou deputados?
Sérgio Lopes  


           

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