Não somos filhos da pátria

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               Nelson Rodrigues (1912 – 1980) foi jornalista, escritor e dramaturgo... Afirmava que “o povo brasileiro é acometido da síndrome do vira-lata”. Para Nelson, um produto nacional só é considerado bom, em nosso país, depois de receber o aval do exterior. Há os que prestaram e ainda prestam papeis relevantes no Brasil, porém não foram e não são valorizados. Sendo que muitos obtiveram ou obtém êxito fora do país, ou pior, passaram a ser reconhecidos, após a morte. Algumas personalidades não foram compreendidas pelos seus contemporâneos, seja por falta de recurso financeiro, seja por timidez, seja por injustiça...  Segundo Carlos Henrique Cardim, autor do Livro “A Raiz das Coisas, Rui Barbosa: O Brasil no Mundo”, Rui Barbosa (1849 – 1923) é um dos maiores homens públicos da história do Brasil. Tem presença marcante tanto na política externa, como na política interna do país.

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               Ainda de acordo com Cardim, no cenário político brasileiro, Rui foi o primeiro Ministro da Fazenda na República e foi candidato derrotado duas vezes à presidência do Brasil. No cenário internacional, exerceu a função de Delegado do Brasil à Segunda Conferência da Paz de Haia, em 1907. Barbosa marcou a entrada do Brasil na política mundial, sendo considerada sua grande e única vitória em vida. Já dois poetas brasileiros conhecidos do público, (Lima Barreto e Oswald de Andrade), somente obtiveram pleno reconhecimento no plano interno postumamente. Conforme o portal https://g1.globo.com, Afonso Henriques de Lima Barreto (1881 – 1922) foi um jornalista e escritor carioca que publicou romances, sátiras, contos, crônicas e outros. Porém, a maior parte de sua obra foi redescoberta e publicada em formato de livro, após a morte.

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               Já o paulistano José Oswald de Sousa de Andrade (1890 – 1954) foi escritor, ensaísta e dramaturgo. Segundo o portal https://g1.globo.com, Oswald foi um dos promotores da Semana de Arte Moderna de 1922, que ocorreu em São Paulo. Ainda de acordo com o portal, nos dias atuais, o poeta é conhecido como um dos grandes nomes do modernismo literário brasileiro, o escritor foi incompreendido pela sociedade de sua época - que também não aceitava e não compreendia o modernismo proposto por ele. Guca Domenico, autor do livro “Breve História da Bossa Nova”, declarou que “E, inegavelmente, o jeito de tocar violão de João Gilberto era diferente. Seu canto natural, discreto, funcionava pelo avesso, fazendo com que todos o notassem. Isso era bossa nova, muito natural". João Gilberto tem 87 anos e é um dos criadores da Bossa Nova. 

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               Em matéria divulgada, em julho de 2018, no site https://entretenimento.uol.com.br, aos 87 anos, João Gilberto está sem endereço fixo e sem poder sequer usar o telefone. Ele está sob interdição parcial, ou seja, não pode viver a plenitude de seus atos e direitos. Ainda de acordo com o https://entretenimento.uol.com.br,   a filha mais velha do músico, Bebel Gilberto, move desde o ano passado um processo de interdição do pai, motivada pela idade avançada e pela precária situação financeira em que vive – ele chegou a ser despejado do apartamento em que vivia no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro, por dever anos de aluguel... Há muitos outros exemplos de famosos que não tiveram reconhecimento, mas é relevante enfatizar também, que milhões de anônimos, estão espalhados por todo território nacional sem oportunidade... Trabalham, estudam, pagam impostos, ajudam desenvolver o país . Enfim, muitos homens inteligentes vivem no ostracismo e são comandados por pessoas incompetentes, bajuladoras e burras.

Sérgio Lopes (Jornalista e Professor)