sexta-feira, 21 de novembro de 2025

O abandono da memória da professora Heley e apatia ética do país

 

No fatídico 05 de outubro de 2017, um vigilante invadiu a creche Gente Inocente, Janaúba – Minas Gerais, e iniciou um incêndio. A professora que trabalhou na Instituição infantil, Heley de Abreu Silva Batista, entrou em confronto direto com o vigia e garantiu a sobrevivência de pelo menos 25 crianças. Porém sofreu queimaduras em 90% do corpo e veio a óbito no hospital. A ação provocou a morte de 10 crianças e ferimentos em 41. A professora Heley recebeu reconhecimento e honrarias, entre elas a Ordem Nacional do Mérito concedida pelo então presidente Michel Temer. Contudo, já passaram 8 anos...  Os meios de comunicação, os políticos, as escolas não fizeram mais nenhuma manifestação em relação ao gesto heroico.  A memória dela foi apagada pela sociedade? Sim, o distanciamento da realidade por grande parte dos brasileiros é evidente. Muitos são submissos a narrativas manipuladas pelo WhatsApp e TikTok, consomem de maneira compulsiva dependência de reality shows e distrações televisivas para escapar da realidade, criam retratos de políticos como salvadores ou perigos iminentes, endeusam figuras da música e do esporte, aceitam ideias prontas difundidas por influenciadores, comentaristas e supostos especialistas. Uma parcela significativa da sociedade apaga depressa fatos trágicos que exigem consciência e compromisso. O sentimento de choque é breve, e as autoridades rapidamente abafam o que escancara sua incompetência. Enfim, a heroína Heley de Abreu Silva Batista fica à margem de grande parte da nação que desconsidera quem deveria ocupar o lugar mais importante.

Sérgio Lopes Jornalista

Texto publicado no Blog dos Letrados Desalienados (blogdosletradosdesalienados.blogspot.com), em comemoração aos 10 anos de resistência crítica e literária do espaço criado pelo jornalista Sérgio Murilo Rodrigues Lopes, dedicado à palavra como forma de consciência, sensibilidade e liberdade.

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

O Esforço que Não se Vê: Como o “Só” Minimiza Conquistas

 

NOSSA VOCÊ EMAGRECEU ASSIM SÓ TREINANDO E FAZENDO DIETA?

MEU AMOR SÓ?

VOCÊ JÁ TENTOU "SÓ" TREINAR E FAZER DIETA PARA VER COMO É?

As falas acima demonstram falta de respeito, desinformação acerca dos desafios envolvidos e propensão a subestimar os êxitos alheios.  A frase “Nossa, você emagreceu assim só treinando e fazendo dieta?” mostra percepção limitada da jornada que é exigente, extensa e profundamente individual. O uso do “só” reduz o valor de longas fases de disciplina, investimento emocional e transformações marcantes na rotina diária. Emagrecer não acontece de forma imediata. É preciso força para lidar com a desmotivação e habilidade para se reerguer após contratempos, mesmo quando os resultados tardam a aparecer. Além disso, quem expressa esse tipo de comentário depreciativo, geralmente, não percebe o empenho invisível: deixar de lado comodidades, passar por situações desagradáveis, ultrapassar o cansaço extremo e preservar a disciplina mesmo sem aplausos. O sarcasmo presente na resposta “Você já tentou ‘só’ treinar e fazer dieta para ver como é?”  evidencia o deslize social de enxergar como fáceis caminhos que requerem esforço significativo. Desvalorizar o feito de alguém como se não demandasse nenhum trabalho revela indiferença e inclinação a desmerecer o esforço alheio. Portanto, em uma sociedade que busca soluções rápidas, dar valor aos percalços da jornada é um sinal básico de consideração.                       

Sérgio Lopes Jornalista

Texto publicado no Blog dos Letrados Desalienados (blogdosletradosdesalienados.blogspot.com), em comemoração aos 10 anos de resistência crítica e literária do espaço criado pelo jornalista Sérgio Murilo Rodrigues Lopes, dedicado à palavra como forma de consciência, sensibilidade e liberdade.

 

quarta-feira, 19 de novembro de 2025

Não interfira na vida dos outros

 

Nas relações sociais, sempre encontraremos indivíduos que se preocupam com a vida alheia.  Gostam de opinar, são curiosos, invadem a privacidade. Essas condutas demonstram insegurança e o desejo de ser legitimado – uma vontade de impor regras que não lhes cabem. Quem age assim tende a meter o nariz onde não é chamado, a provocar desentendimentos e abalar a harmonia entre as pessoas. Em vez de oferecer apoio, ocupa espaços que não lhe dizem respeito. Ultrapassar fronteiras pessoais só provoca afastamento e expõe falta de amadurecimento. Portanto,  concentre-se no que lhe diz respeito — a jornada já é complexa o suficiente sem que você carregue responsabilidades alheias.

Sérgio Lopes Jornalista

Texto publicado no Blog dos Letrados Desalienados (blogdosletradosdesalienados.blogspot.com), em comemoração aos 10 anos de resistência crítica e literária do espaço criado pelo jornalista Sérgio Murilo Rodrigues Lopes, dedicado à palavra como forma de consciência, sensibilidade e liberdade.

terça-feira, 18 de novembro de 2025

Educação Financeira: O Conhecimento que o Brasil Insiste em Negar

 

Em um país pobre como o Brasil, a maioria escuta desde criança, as seguintes frases: “Dinheiro não dá em árvore”. “Quem muito quer, nada tem.” “É feio falar de dinheiro.” “Rico não presta.” “Melhor pobre e honesto do que rico e corrupto.” “Trabalhe muito para ganhar pouco, porque a vida é assim mesmo.” “Dinheiro muda as pessoas.”  De maneira sutil, essas afirmações são incutidas na mente dos indivíduos. E consequentemente, obstruem o modo de se relacionar com o próprio dinheiro, a abundância e a autoestima. Além disso, as Instituições de Ensino do Brasil direcionam os discentes a reproduzirem o caminho convencional, seguir a formação acadêmica e só depois buscar independência econômica. Esse paradigma limita a perspectiva do futuro, a escola estrutura seu discurso em torno das escolhas de carreira, porém não há abertura para ensinar finanças de forma concreta. Produz-se uma geração apta a colecionar diplomas, mas vulnerável para gerenciar a própria renda.  Há desconhecimento das bases necessárias para administrar, aplicar e utilizar os recursos financeiros de maneira equilibrada. Isso atrapalha escolhas responsáveis e gera incapacidade de se sustentar financeiramente. A educação financeira é uma alternativa possível, no entanto ainda inacessível no universo cotidiano do país. Dessa forma, sem entendimento financeiro, o brasileiro fica exposto a compras impulsivas, dívidas financeiras e ausência de controle.

Sérgio Lopes Jornalista 

Texto publicado no Blog dos Letrados Desalienados (blogdosletradosdesalienados.blogspot.com), em comemoração aos 10 anos de resistência crítica e literária do espaço criado pelo jornalista Sérgio Murilo Rodrigues Lopes, dedicado à palavra como forma de consciência, sensibilidade e liberdade.

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

O Valor de Quem Chega com Cuidado, Não com Curiosidade

 

Há intuição trivial nas amizades, nos vínculos, nas interações... E sobretudo, nas divergências entre (afeição, afeto, estima, simpatia, apego, carinho, ternura) e olhar amplo desprovido de profundidade. Vários indivíduos se aproximam levados pela pura curiosidade de saber mais, pelo desejo de emitir opiniões ou fazer comparações, mas sem qualquer objetivo real de colaborar. A curiosidade, quando necessita de significado, configura fusões inconstantes e delicadas. Já o cuidado autêntico é mudo, reservado e poucas vezes se anuncia. Ele se declara em sinais, comparecimento e apreço, e não em perguntas que violam a privacidade. Essa diferenciação é primordial para manter nosso bem-estar interno.  Ao notar quem, de fato, efetivamente se importa, somos capazes de estimular relações positivas e zelar por si, afastando-se de quem demonstra interesse raso apenas por detalhes da sua vida. Nem toda presença ao lado demostra consideração; algumas são só desvio de atenção que nada acrescentam. Em suma, maturidade é enxergar essas situações sem permitir que o ressentimento o transforme.

                        Sérgio Lopes Jornalista

Texto publicado no Blog dos Letrados Desalienados (blogdosletradosdesalienados.blogspot.com), em comemoração aos 10 anos de resistência crítica e literária do espaço criado pelo jornalista Sérgio Murilo Rodrigues Lopes, dedicado à palavra como forma de consciência, sensibilidade e liberdade.

domingo, 16 de novembro de 2025

A Dialética da Presença e da Ausência

 

 

A pessoa feliz percebe valor nos detalhes da vida e aprecia o momento atual. Não se apoia somente em bens tangíveis, porém em equilíbrio interno e gratidão pela existência. Mantém conexões verdadeiras e sustenta a crença quando tudo parece incerto. Aproveita as provações como aprendizado e progresso. Encontra felicidade em si mesmo e não nas situações externas.  A pessoa infeliz concentra-se na carência e desconsidera seus triunfos. Não se sente realizado ainda que tenha resultados positivos e perspectivas. Precisa de estímulos externos para se sentir contente. Vive preso a críticas e visão pessimista. Dificilmente reconhece o que já possui e se mostra grato. A forma de (enxergar, entender, perceber, vivenciar) o mundo diferencia a pessoa feliz da infeliz.  A primeira é positiva, reconhece suas conquistas e tira lições dos desafios. A segunda fixa nos obstáculos e lamentações, nutre uma sensação permanente de dissabor. Enfim, ambas estão mais relacionadas ao estado de ânimo do que ao contexto exterior.

                                Sérgio Lopes Jornalista   

Texto publicado no Blog dos Letrados Desalienados (blogdosletradosdesalienados.blogspot.com), em comemoração aos 10 anos de resistência crítica e literária do espaço criado pelo jornalista Sérgio Murilo Rodrigues Lopes, dedicado à palavra como forma de consciência, sensibilidade e liberdade.

sábado, 15 de novembro de 2025

Reflexão de sábado

 

A frase: (“Aprenda a não bater de frente com quem só entende o que lhe convém. Não vale a pena”) deixa claro a evidência de evitar discussão com indivíduos que apenas entendem o que lhes é conveniente, demonstra que a pretensão de fazer mudar de opinião quem não quer ouvir é perda de tempo. Além disso, destaca a importância de preservar a tranquilidade mental, realça a paz perante a dureza de pensamento dos demais. Bem como aponta prudência nas relações sociais, censura a indiferença e resistência à comunicação. Em síntese, mostra que o silêncio, em certas ocasiões, pode revelar mais cuidado que as palavras e, finaliza destacando que determinadas divergências não compensam abrir mão do equilíbrio emocional.

Sérgio Lopes Jornalista