No
fatídico 05 de outubro de 2017, um vigilante invadiu a creche Gente Inocente,
Janaúba – Minas Gerais, e iniciou um incêndio. A professora que trabalhou na
Instituição infantil, Heley de Abreu Silva Batista,
entrou em confronto direto com o vigia e garantiu a sobrevivência de pelo menos
25 crianças. Porém sofreu queimaduras em 90% do corpo e veio a óbito no
hospital. A ação provocou a morte de 10 crianças e ferimentos em 41. A
professora Heley recebeu reconhecimento e honrarias, entre elas a Ordem
Nacional do Mérito concedida pelo então presidente Michel Temer. Contudo, já
passaram 8 anos... Os meios de
comunicação, os políticos, as escolas não fizeram mais nenhuma manifestação em
relação ao gesto heroico. A memória dela
foi apagada pela sociedade? Sim, o distanciamento da realidade por grande parte
dos brasileiros é evidente. Muitos são submissos a narrativas manipuladas pelo WhatsApp
e TikTok, consomem de maneira compulsiva dependência de reality shows e distrações
televisivas para escapar da realidade, criam retratos de políticos como
salvadores ou perigos iminentes, endeusam figuras da música e do esporte,
aceitam ideias prontas difundidas por influenciadores, comentaristas e supostos
especialistas. Uma parcela significativa da sociedade apaga depressa fatos
trágicos que exigem consciência e compromisso. O sentimento de choque é breve, e
as autoridades rapidamente abafam o que escancara sua incompetência. Enfim, a
heroína Heley de Abreu Silva Batista fica à margem de grande parte da nação que
desconsidera quem deveria ocupar o lugar mais importante.
Sérgio
Lopes Jornalista
Texto
publicado no Blog dos Letrados Desalienados (blogdosletradosdesalienados.blogspot.com),
em comemoração aos 10 anos de resistência crítica e literária do espaço
criado pelo jornalista Sérgio Murilo Rodrigues Lopes, dedicado à palavra como
forma de consciência, sensibilidade e liberdade.






