quarta-feira, 26 de novembro de 2025

O Colonialismo Que Insiste em Persistir — Agora na COP30


 

No período de 10 a 21 de novembro de 2025, em Belém (Pará), Brasil, ocorreu a COP 30 (30ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas). O encontro mundial examinou estratégias para enfrentar a crise climática. Ainda, entraram em discussão propostas para reduzir emissões, apoiar o clima, reforçar a adaptação, resguardar as florestas e ampliar as energias sustentáveis. Entretanto, uma fala polêmica se tornou o centro das atenções: o chanceler alemão Friedrich Merz disse que os profissionais de imprensa de sua delegação estavam “felizes” por partir de Belém e regressar à Alemanha, fala interpretada por muitos como desrespeitosa e marcada por discriminação. Os críticos consideraram que a declaração desqualifica Belém e sua gente, retratando o lugar como inferior ou malvisto. Além disso, revela olhar colonialista e desrespeita a herança cultural da Amazônia, exatamente num encontro que promove inclusão e cooperação global.  Por outro lado, alguns podem entender que é possível supor que a intenção não era criticar a cidade, e sim relatar o cansaço provocado pelo ritmo intenso, pelo calor forte e pela estrutura operacional do evento. Ademais, a carga pesada de trabalho na COP30, somada às negociações extensas e ao clima político tenso, pode ter provocado uma fala infeliz. Portanto para quem está indignado com o líder alemão, o que disse soa desajeitado e revela fragilidade diplomática ao tratar Belém dessa forma. Afirmar algo assim reduz a credibilidade de quem deveria manter postura respeitosa e responsável em uma conferência global como a COP30. Já quem defende o chanceler, deve considerar que a observação talvez tivesse como alvo o desgaste e não aos moradores ou às expressões culturais da Amazônia.

Sérgio Lopes Jornalista

Texto publicado no Blog dos Letrados Desalienados (blogdosletradosdesalienados.blogspot.com), em comemoração aos 10 anos de resistência crítica e literária do espaço criado pelo jornalista Sérgio Murilo Rodrigues Lopes, dedicado à palavra como forma de consciência, sensibilidade e liberdade.

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