domingo, 23 de julho de 2017

Lei de incentivo à cultura não é para os pobres





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Imagem: Sustentabilidade Cultural BH - blogger
          Nos 517 anos de existência do Brasil, o nosso país sempre foi e ainda é dominado por uma pequena elite que não tem preocupação com o desenvolvimento intelectual da maioria dos brasileiros. Desde do surgimento dos Meios de Comunicação de Massa (Rádio, Televisão, Jornal Impresso, Internet), o objetivo da maior parte dos veículos sempre foi e ainda é influenciar de forma direta no cotidiano das pessoas, bem como criar tendências e expressões. Uma enorme parcela da sociedade atual que acompanha assiduamente a imprensa brasileira tornou-se   alienada e fútil, pois, com a diversão o indivíduo foge da realidade, reforça as normas sociais e gera o conformismo social. Além disso, os Meios de Comunicação de Massa estão presos a interesses políticos e econômicos. 
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Imagem: Zetrusk - blogger

          Algumas famílias de políticos tradicionais são controladoras ou proprietárias de empresas de comunicação. Figuras públicas e seus clãs dominaram ou dominam veículos de comunicação nos seguintes estados:  Bahia (grupo do falecido Antônio Carlos Magalhães); Maranhão (ex-presidente José Sarney); Rio Grande do Norte (Aluízio Alves); Sergipe (Albano Franco e João Alves); Alagoas (Renan Calheiros e Fernando Collor de Mello); Pará (Jader Barbalho); Roraima (Inocêncio Oliveira); São Paulo (falecido Orestes Quércia), Paraná (Paulo Pimentel e José Carlos Martinez); Minas Gerais (Aécio Neves)... Diante de uma sociedade que tem os Meios de Comunicação nas mãos de políticos, surgiu ou ainda surgirá normas que incentive (o conhecimento , a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo ser humano?)

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Imagem: Renato Peters
          O então presidente do Brasil (José Sarney), no ano de 1986, aprovou a primeira Lei Federal de Incentivos Fiscais à produção cultural chamada Lei Sarney (Lei 7.505/86). O intuito era disponibilizar mais verbas para a produção cultural por meio da concessão de benefícios fiscais federais para empresas que investissem em cultura. O governo não teve controle na prestação das contas e foi acusado de fraudes, desvios de verbas e beneficiamento de particulares. No governo do presidente Fernando Collor de Mello (1990 – 1992), o Ministério da Cultura foi transformado em Secretaria, os incentivos fiscais concedidos à (doadores, patrocinadores, investidores) pela Lei Sarney foram interrompidos, a medida provocou uma crise imensa no setor cultural. Contudo, o governo Collor instaurou a Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei 8.313/91), no dia 23 de dezembro de 1991. 

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Imagem: Municipios Baianos256 × 194
          Ela é conhecida popularmente como Lei Rouanet, seu nome foi dado em homenagem ao idealizador da sua primeira versão, o sociólogo Sérgio Paulo Rouanet, que na época, era o secretário de cultura do Estado. A Lei Rouanet está em vigor até hoje e vem sendo aperfeiçoada desde então. Inicialmente, tinha a intenção de ajudar a dinamizar a cultura. Com a proposta de distribuir os recursos de forma igualitária entre projetos de maior e menor apelo comercial, o documento previa três mecanismos: o Fundo Nacional de Cultura (FNC), com orçamento para investimento direto do governo; os Fundos de Investimento Cultural e Artístico (Ficart), para a aquisição de cotas em projetos e a obtenção de retorno sobre os lucros; e o mecenato, ou seja, a captação por meio de renúncia fiscal. O Ficart nunca foi utilizado, e o FNC sofreu, ao longo do tempo, cortes de verba significativos, o que praticamente o inviabilizou...

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Imagem: http://f.foitestado.com


           A Lei Rouanet tem como objetivo facilitar o acesso a fontes de cultura; promover e estimular a regionalização; apoiar, valorizar e difundir manifestações culturais; e preservar bens materiais e imateriais; entre outros. Além disso, os detentores do poder abrem mão de receber impostos de pessoas e empresas. Diante disso, os projetos tornam-se realidade. Os artistas enviam-os para o governo, o Ministério da Cultura (MinC) é responsável por aprovar ou não. Sendo aprovado, não se tem certeza que será patrocinado. Após a aprovação, empresas e pessoas podem optar pelo patrocínio do projeto. Com o capital disponível, recebem descontos na hora de quitar os impostos com o governo... Entretanto, nesses quase 26 anos de existência, A lei Rouanet é acusada de servir como instrumento para favorecer alguns artistas alinhados ideologicamente com siglas partidárias que comandaram e ainda comandam o Brasil...  
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Imagem: Imprensa Viva600 × 591
          A Lei Rouanet aprovou projetos de artistas milionários do cenário musical do país. Segundo informações divulgadas em maio de 2016, no site http://zh.clicrbs.com.br/, a cantora Cláudia Leite recebeu autorização para captar R$ 5,8 milhões para fazer 12 shows nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O projeto foi aprovado, mas por conta de alguns escândalos, ela recebeu 1,2 milhões.  Ainda de acordo com o portal, uma turnê de Luan Santana foi autorizada a captar R$ 4, 1 milhões (de uma solicitação inicial de R$ 4,6 milhões). Apesar da justificativa de "difundir a música sertaneja", choveram críticas à escolha de pôr dinheiro público em um artista milionário e já amplamente conhecido. Conforme o http://zh.clicrbs.com.br/, Mc Guimé pediu o patrocínio de 514 mil reais, ele gravaria um DVD e depois venderia cerca de 80% das copias a preços populares... A lei Rouanet é malvada e adequa a quem tem condições de dar retorno de imagem para as empresas que se unem. O capital é público, porém quem define em última instância é o setor privado. Por fim, não há nenhum problema com as empresas, há problema com a lei. Ela é injusta, provoca concentração, discrimina, não é capaz de se realizar em todo território nacional.
Sérgio Lopes

 

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